Hoje eu estava assistindo uma missa que começou com um cântico que dizia assim:
“Tu anseias, eu bem sei, a salvação
Tens desejo de banir a escuridão
Abre, pois, de par em par teu coração
E deixa a luz do céu entrar”
Posso dizer que foi assim mesmo que aconteceu comigo. Era Semana Santa e eu estava em um Retiro organizado pelo Grupo de Jovens Pe. João Piamarta, em um sítio no Pacoti. E era o ano de 1983. Naquele Retiro eu senti a presença de Jesus em minha vida como jamais imaginei um dia conhecer. Rios de água viva brotavam dentro de mim. Acordei para Jesus embalada com os versos de uma canção que ainda hoje repercutem em minha memória.
Os galhos secos de uma árvore qualquer
Onde ninguém jamais pudesse imaginar
O criador fez uma flor brotar
Olhai, olhai, olhai, os lírios crescendo
Nos campos
Pois o Senhor Nosso Deus
Nos tem alimentados
Para nossa alegria
Foram quatro dias de puro êxtase. Eu estava apaixonada pelo Senhor Jesus e queria fazer tudo por Ele e para Ele. Estava no primeiro amor divino. Aquele que só se alimenta de líquidos porque ainda somos infantis para entender a missão divina. O entusiasmo dos primeiros dias foi contagiante. Quando voltei para Fortaleza, meus tios que me criavam achavam que eu havia enlouquecido.
O fanatismo foi dando lugar a várias descobertas. Descoberta de mim mesma, da Palavra de Deus, do outro. Com a leitura da Palavra, a sensação de que alguém te ama de tal forma que você jamais mereceria tal amor por mais que fizesse por onde.
Do encontro com a Palavra, a vontade de pregar em nome de Jesus. Praças públicas, caminhões, encontros, eu estava em todos os bairros de Fortaleza. Onde me chamasse, eu iria. E comecei a pregar sobre algo que eu sentia de forma extraordinária: o amor de Deus.
“Teu nome está escrito na palma de minha mão”
“Antes mesmo que tu te formasse no ventre de tua mãe, eu já te conhecia e te chamava pelo nome”
Ainda que tua mãe te abandonasse, eu jamais te abandonaria”
Passagens de Isaías onde eu encontrara as mais lindas declarações de amor de Nosso Pai. Promessas de perdão, de socorro, de milagres. Eu era impregnada do amor de Deus.
Um dia fui convidada para ser mentora espiritual de uma Comunidade –a Nova Esperança. Eram seis membros, bem jovens ,como eu, e cheios de vontade de servir a Deus. Tinham uma casa alugada no Jardim América e um sonho de viver com tudo em comum. Me apaixonei pelo sonho deles que rapidamente passou a ser também o meu.
Lembro-me do batismo da casa. Pe.Batista celebrou a missa. Estávamos todos de branco, a casa lotada de convidados. Éramos muito felizes apesar de todos os problemas familiares que carregávamos. Carências afetivas, pobreza, incompreensão, tudo se diluía quando nos reuníamos para rezar na casa.
Foram anos férteis para o Senhor. Levamos para Ele algumas almas perdidas.
Um dia fiz uma proposta para o grupo: por que não saíamos de nossas casas e não íamos morar juntos, vivendo da Providência divina? A proposta caiu como uma bomba entre eles. Questionamentos vários, dúvidas.... Como a Girlane poderia deixar a mãe? Só era elas duas...O Rogério não via problema. Nós éramos sua família mesmo. O Renan tinha seu pai, cheio de problemas. Como deixar sua mãe cuidando dele sozinho? A Mary não aceitava sair de casa...Enfim, a Comunidade ficou dividida e entrou em crise. Eu me senti culpada por essa crise. Foi aí que chamaram a Sílvia e o Fred para serem os nossos orientadores. Eu passei a ser apenas integrante do grupo.
Ainda hoje, às vezes me pego pensando o que teria acontecido se naquele momento, aqueles que queriam viver em comunidade, tivessem topado o desafio...
O fato é que a Comunidade entrou nos eixos e eu em crise. Eu queria demais viver um sonho de comunidade. Aos poucos fui me afastando do grupo, me isolando. E aí, sem a seiva divina me alimentando, os desejos da vida mundana começaram a ocupar seus espaços de volta.
Comecei a sentir falta de um namorado, que logo apareceu. Em pouco tempo eu me sentia envergonhada de freqüentar os grupos de jovens. Voltei-me inteiramente para esse amor louco e em poucos meses eu estava grávida. Casei-me e me afastei definitivamente da Igreja.
Mas meu coração nunca esqueceu aqueles anos. A fé me acompanhou e Jesus nunca me faltou. Sentia a presença Dele todos os dias de minha vida. E a minha vida não estava nada fácil. O meu marido logo se mostrou um irresponsável e meu tormento foi penoso. Somente a fé em Deus e a minha filha me davam forças para continuar vivendo.
Oito anos depois me separei. Comecei uma nova vida com minha filha e com os meus familiares. Era uma nova etapa, novos desafios. Fiz outra Faculdade, tentei ingressar em algum grupo, mas não conseguia. Não me sentia em casa.
Embora tendo fé, não é a mesma coisa quando você participa ativamente da Igreja ou de alguma obra de Deus. Cometi muitos erros nesses anos todos afastada da Casa de Deus.
Como o filho pródigo, quis voltar. Mas só conseguia pensar em lugar que eu me sentiria em casa. Era com as pessoas da Comunidade. Eles eram meu vínculo com Deus. Comi bolotas jogadas para os porcos quando tinha uma casa novinha e cheirosa para eu viver. Foi assim que eu me senti quando propus ao grupo nos reunirmos de novo. Senti-me na Casa de Deus recebida por meu Pai.
Ainda não sabemos qual o propósito de Deus para nossas vidas. Dos sete, três estão se reunindo no terceiro sábado do mês na Casa da Comunidade Sopro de Vida do nosso irmão Rogério. Também estão presentes os nossos mentores Fred e Sílvia.
O que sabemos, e o que eu sei, é que o Amor de Deus é tão forte, que aquele que o prova, jamais esquece.
Entra na minha casa, entra na minha vida
Mexe com minha estrutura
Sara todas as feridas
Me ensina a ter santidade
A amar somente a ti
Porque você é o meu bem maior
Faz um milagre em mim.
REUNIÃO COMUNIDADE NOVA ESPERANÇA E MISSÃO SOPRO DE VIDA
05 de maio de 2012
REUNIÃO COMUNIDADE NOVA ESPERANÇA E MISSÃO SOPRO DE VIDA
05 de maio de 2012
Queridos irmãos
Nossos encontros voltaram a
acontecer e com eles, o nosso relato do que passou. Dessa vez, o relatório será
postado no blog da Comunidade Sopro de Vida, que eu peço que o Rogério coloque
o link para vocês acessarem. Lá também deverá aparecer as fotos dos eventos.
Estamos cogitando a possibilidade de termos uma reunião que possa ser
visualizada online em tempo real para aqueles que não puderem comparecer.
Coisas de evangelização sobre a influência dos tempos modernos. Deixo com a
Comunidade Sopro de Vida, a realização da façanha e as instruções sobre o que
devemos fazer para, no futuro, termos essa facilidade. Lembrando que nada
substitui um abraço fraterno e a convivência cordial entre cristãos e amigos.
Então, participaram de nossa reunião
no último sábado o Rogério, a Anízia e a Ana Paula, Júnior, Regina e filhotes e
eu. Um grupo pequeno tendo em vista quantos deveriam estar lá e não estavam.
Mas nem por isso menos profícuo e menos abençoado.
Como sempre, começamos com aquele
bate-papo gostoso, onde na informalidade, partilhamos coisas de nossas vidas,
testemunhos e experiências de vida. Como a Regina estava com a família,
ressaltamos a importância da família participar desses encontros, como é
importante para os filhos ouvirem seus pais debatendo suas idéias e seus
pensamentos, sua experiência de fé. Os filhos se espelham nos pais. Mesmo que
não aceitem tudo, as atitudes falam mais alto que as palavras. Rogério
ressaltou a importância do amor de Deus que habita em nossos corações ser a
força necessária para o casamento dar certo já que, individualmente somos seres
imperfeitos, frágeis e quando levados somente por nossa iniciativa, sujeitos à
erros. Procurar estar em comunhão com Deus permite suportarmos uns aos outros,
tornando nossa cruz mais leve e nos dá sabedoria para criar nossos filhos com
um pouco mais de certeza de que “tudo acabará bem”. O Júnior falou de sua
experiência nessas reuniões, do quanto a informalidade o ajuda a participar já
que ele, diferente de alguns do grupo, não tem pleno conhecimento da Palavra de
Deus. Mas ele tem a sua experiência de vida, a sua visão de mundo e pode
acrescentar muita coisa nas reuniões diferentes das reuniões formais onde cada
um deve falar sobre o que conhece da Bíblia com profundidade.
Pouco depois, tivemos necessidade de fazermos uma oração inicial,
embalados pela voz maravilhosa do Sopro de Vida. Agradecemos a Deus pela
presença de todos e rezamos pelos ausentes, pedindo a Deus pela renovação do
amor de Deus em cada coração. Terminamos com a canção “Buscai primeiro o reino
de Deus e a sua justiça”. Lemos a passagem do Evangelho do dia, João 14, 1-8 em
que fala que “ninguém vem ao Pai senão por mim”. Refletimos sobre esse
versículo em particular, porque o que parece a priori ser um erro “vem ao Pai
como se estivesse na primeira pessoa se tratando de duas, Deus e Jesus são um
só. Se Jesus é o único mediador entre nós e o Pai, questionamos, como pedimos a
intercessão dos santos e de Maria? Concluímos que, Jesus é verdadeiramente o
único mediador entre nós e o Pai. Mas, as vezes, para chegar a Jesus, buscamos
os anjos, os santos, as almas santas e Virgem Maria para levar nossas súplicas
ao Pai.
Lembramos do poder de intercessão quando rezamos uns pelos outros, de
Moisés que foi um grande mediador entre Deus e o seu povo e de como por vezes,
nós caímos no erro de adorarmos mais os símbolos do que o que eles representam.
Como aconteceu com a serpente de bronze, que Deus deu o poder de curar aqueles
picados pela serpente do deserto em Êxodo, e como essa serpente de bronze,
tendo passado seu tempo de utilidade (estadia no deserto onde havia muitas
serpentes venenosas) continuou sendo adorada, agora como uma espécie de deus em
si mesmo muitos anos depois no tempo dos reis. E de como Acaz(?) não lembro
direito o nome dele, recebeu ordem do sacerdote para destruir a serpente e
acabar com a idolatria do povo de Deus.
Por fim, concordamos que a sistemática de nossos encontros continuará
sendo marcada ou aos sábados ou às sextas, tentando dar a cada um de nós
alternativas de dias que se ajuste aos nossos compromissos semanais. Marcaremos
com antecedência e o quorum para acontecer a reunião será de, no mínimo, duas
pessoas.
Então, meus queridos irmãos, foi esse o nosso encontro e espero ter
reproduzido pelo menos aproximadamente, o que aconteceu na sexta passada.
Com saudades no coração e falando como São Paulo, despedindo-me com um
ósculo santo, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo nos reúna num só corpo,
Amém.